Insetos podem desaparecer em 100 anos e isso é catastrófico
Agricultura intensiva e uso massivo de pesticidas são as principais causas, mas as alterações climáticas e a urbanização de grandes áreas também
Esta é a conclusão do primeiro estudo global sobre a temática. Se não fizermos nada, e ao ritmo a que estão a desaparecer, daqui a um século os insetos estarão extintos.
Publicado na revista Biological Conservation, tendo como autores os investigadores Francisco Sánchez-Bayo, da Universidade de Sidney, na Austrália, e Kris Wyckhuys da Academia de Ciência e Agricultura de Pequim, na China, as conclusões apontam para a agricultura intensiva, particularmente o uso massivo de pesticidas, como a principal responsável para esta “extinção catastrófica”. Aliada, também, à urbanização de muitas áreas e às alterações climáticas.
O estudo refere que mais de 40% das espécies de insetos estão em declínio e um terço já está mesmo em risco. A taxa de extinção está a ser oito vezes mais rápida do que a dos mamíferos, aves e répteis. Os insetos – essenciais na cadeia alimentar, já que servem de alimento a outros animais, controladores de pestes ou polinizadores de plantas – estão a desaparecer a um impressionante ritmo de 2,5% a cada ano.
“Se não mudarmos a forma como produzimos alimentos, os insetos vão, em apenas algumas décadas, percorrer o caminho da extinção”, escrevem os cientistas. “As repercussões disto no nosso ecossistema serão, no mínimo, catastróficas.”
Esta investigação teve como ponto de partida outros 73 estudos já realizados sobre insetos. Num deles, por exemplo, é demonstrado que, em Porto Rico, houve uma declínio de 98% de insetos terrestres nos últimos 35 anos, noutro que o número de espécies de borboletas decresceu 58%, entre 2000 e 2009, em Inglaterra e ainda noutro relatório aponta-se que o número de colónias de abelhas em todo o território dos EUA caiu de 6 milhões para 3,5 milhões desde 1947.
O cientista Sánchez-Bayo relata, também, uma experiência pessoal: numa viagem familiar recente percorreu de carro cerca de 700 km por zonas rurais australianas e nunca teve de utilizar o para-brisas para limpar o vidro. “Há uns anos teria de fazê-lo constantemente.”
Fonte: Visão